Enquanto tutores, queremos que os nossos animais sejam felizes e saudáveis e por isso temos que considerar os cuidados de higiene dos nossos animais de estimação como parte integrante dos cuidados de saúde e bem-estar que lhes devemos prestar.
Mas “dar banho ao cão” é mais do que uma expressão! E em boa verdade, quer se trate de cão ou gato e de banhos por questões de limpeza, estética ou terapêutica, os banhos dos nossos patudos envolvem sempre certos cuidados!
Em primeiro lugar, devemos ter em mente que a natureza da pele dos nossos animais tem algo de diferente da nossa pele, e que da mesma forma que procuramos produtos mais adequados ao nosso tipo de cabelo, devemos faze-lo também para os nossos animais.
À semelhança da nossa pele, na pele dos nossos animais existe uma camada de substâncias ácidas ( o “manto ácido”) muito importante no combate à fixação de agentes como vírus ou bactérias. Esta camada tem uma função protetora do estrato córneo, que é a camada de pele mais superficial e a responsável pela manutenção de um bom estado de hidratação da pele.
Ao tomar banho, estamos a desfazer esta camada ácida que existe sobre a pele e que protege o estrato córneo (razão pela qual a maioria dos nossos produtos de higiene tem uma porção hidratante, de forma a substituir a camada protetora que removemos até que a pele a consiga regenerar).
Caso o estrato córneo seja prejudicado, potenciamos a entrada e proliferação de microrganismos que podem danificar a pele e levar ao aparecimento de caspa, pele irritada e infecções cutâneas.
Acontece que o grau de acidez desta camada ácida é geralmente superior (e mais variável) nos nossos animais, e por essa razão é desaconselhado dar banhos aos nossos patudos com produtos que não sejam de gama veterinária. Ao utilizar os nossos produtos de higiene, vamos contribuir para um maior desarranjo destas camadas, e possivelmente irritar a pele dos nossos animais.
Compreendendo esta diferença, podemos considerar alguns factores relevantes para determinar a necessidade e frequência dos banhos: como a idade, a raça, o tipo de pelo, estilo de vida e o estado de saúde.
Em relação à idade, é comum aconselhar a não dar banho até que os animais completem o seu esquema vacinal (por volta dos 4 meses), e sobretudo nos 2 dias seguintes às vacinações. Esta medida prende-se com a possibilidade de ocorrem reações anormais e com a dificuldade de saber o que as potenciou (a vacinação ou a utilização de produtos nos banhos). Além disso, queremos evitar que os nossos animais contraiam agentes causadores de doenças durante o período em que ainda não têm uma imunidade competente! Nestes cenários, as vacinas podem perder a sua eficácia e então será necessário revacinar os nossos animais.
No que diz respeito à frequência dos banhos, esta é uma questão com opiniões bastante variáveis…mas deve orientar-se pelo bom senso!
Muitas vezes, nas ocasiões em que o seu patudo decide sujar-se, uma passagem com uma toalha humedecida com água morna é o suficiente para lavar o seu patudo! Mas sob a necessidade de realizar lavagens profundas, o estilo de vida e a raça/tipo de pelo do seu animal serão as principais características a ter em conta!
De uma forma breve, pode planear banhos mais frequentes para animais de interior e de pelo longo, ao passo que animais de exterior e de pelo curto poderão tomar banhos de forma mais espaçada (por exemplo de 3-3 meses). Na eventualidade de se tratar de um animal que ocupa tanto o exterior como o interior das habitações, os banhos deverão ser mais regulares.
Procure sempre utilizar produtos veterinários e dirigidos ao tipo de pelo do seu patudo. Na eventualidade de ser recomendado a utilização de champôs veterinários, por exemplo para controlo da fungos ou outro tipo de dermatite, a frequência dos banhos será maior e com vista a restabelecer o equilíbrio da pele do seu animal.
Alguns cuidados adicionais a ter com os banhos dizem respeito à temperatura da água e a zonas como os olhos e os ouvidos.
Tenha em atenção que água fria pode causar a diminuição drástica da temperatura corporal do seu animal e conduzir a estados indesejáveis de hipotermia ou choque! Utilize água morna e lembre-se da regra: se está quente para si, estará para o seu animal!
Evite deitar água sobre a cabeça dos seus animais e proteja os olhos e os ouvidos dos seus patudos! A entrada de água nos ouvidos é frequentemente uma causa de otites e o contacto de espuma com os olhos poderá resultar em inflamação da conjuntiva ocular. Na lavagem da cabeça, utilize uma esponja e para realizar a limpeza dos ouvidos, utilize os produtos veterinários adequados.
O seu médico-veterinário poderá ajudar a esclarecer melhor sobre as necessidades e cuidados a ter com os banhos do seu companheiro e recomendar-lhe os produtos de higiene mais adequados à sua condição.
Inês Viegas, DVM
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