Já ouviu falar de Flebótomos? E Leishmaniose?

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O “beijo” do Flebótomos  

Já ceifou muitas vidas, mas nem sempre levou a melhor. Pequeno, discreto e de cor amarela clara, o inseto flebótomos é o principal responsável transmitir a Leishmaniose. Infecta os nossos animais, principalmente os nossos cães, através da sua picada.

O contágio inicia-se pela picada da fêmea do flebótomo num animal já parasitado. A fêmea é hematófaga (alimenta-se de sangue) e ingere os parasitas sanguíneos causadores da Leishmaniose. Ao picar outro cão, transmite-lhe o parasita. O contacto direto com lesões cutâneas de um animal infetado é também uma possível via de contágio, muito menos frequente.  

A maior dificuldade no diagnóstico da Leishmaniose é o tempo que demora até ao aparecimento de sinais ou sintomas após a picada. Estes podem só aparecer MESES ou até ANOS depois. Podem nem sequer chegar a manifestar-se. Um animal infectado pode apresentar-se normal até que surja um momento de debilidade no organismo que faça com que a doença se manifeste.

Com condições favoráveis dentro do seu hospedeiro este parasita multiplica-se espalha-se para outras zonas do corpo. Os sintomas manifesta-se geralmente na pele ou através da falha de órgãos internos.

Os sinais e sintomas podem manifestar-se em simultâneo ou surgir gradualmente. Entre outros:

  • Febre
  • Falta de pêlo, principalmente em torno dos olhos, orelhas, pescoço, saliência das articulações ou ponta da cauda
  • Perda de peso
  • Palidez, enquanto sinal de anemia
  • Sangramento nasal
  • Atrofia muscular, bastante evidente nos músculos faciais (“cabeça de velha”)
  • Feridas e alterações nas unhas tal como crescimento anormal (“unhas de faquir”)
  • Aparente apatia e lentidão de movimentos.

Associados a estes, podem surgir outras complicações como a artrite (o animal coxeia e queixa-se de dores articulares), a insuficiência renal grave ou a gastroenterite hemorrágica. Podem ainda surgir estados de imunodepressão, significando que o animal fica mais exposto a outras infeções.

A evolução desta parasitose é variável. Há animais com sintomas severos cuja recuperação é muito positiva com o tratamento, enquanto outros aparentam formas mais ligeiras e acabam por não conseguir combater a infecção. Depende de muitos factores, incluindo a predisposição genética, o estado imunitário do próprio paciente, a nutrição, o ambiente, etc. 

É importante reter que, se este conjunto sintomas não for devidamente tratado, pode ser fatal uma vez que a Leishmaniose Canina é uma doença potencialmente mortal em casos de quadros clínicos prolongados.

A Leishmaniose é considerada um problema de saúde pública grave em países como o Brasil, onde casos de Leishmaniose visceral tanto em humanos como em cães é um preocupação real.

Estratégias de prevenção da picada

Este inseto encontra-se distribuído principalmente nas regiões mediterrânicas e na América do Sul. Os climas amenos e temperaturas mais altas criam condições ideais de vida para o insecto que transmite a doença. Portugal insere-se assim numa das zonas de maior probabilidade da picada. Por isso é crucial tomar algumas medidas de prevenção.

Apesar de não os erradicar totalmente, reduzir as condições favoráveis ao habitat natural dos insetos e evitar proximidade com zonas de microclima, são os primeiros passos adotar para redução de risco da picada. Recomenda-se assim:    

  • Boa higiene em casas e canis
  • Evitar proximidade com fossas abertas ou águas paradas
  • Evitar passar junto a vegetação apodrecida, mesmo em zonas urbanas
  • Evitar passeios noturnos, isto é, desde o entardecer ao amanhecer, já que este é o período de maior atividade destes insetos
  • Utilização de repelentes específicos para o flebótomo, tal como coleira ou pipeta
  • Ter em consideração os meses mais quentes – de Maio a Outubro – para reforçar as medidas de prevenção de picadas de insectos, principalmente para animais de grande porte, pêlo curto ou que habitem no exterior. Embora todos os animais estejam particularmente expostos nesta altura do ano

Para melhor garantir a protecção do seu animal de estimação, deve ter em conta:

  • Vacinação específica – reforça o sistema imunitário e pode ser administrada a cães a partir dos 6 meses de idade desde que estes sejam livres de doenças infecciosas.
  • Assegurar um bom estado de saúde geral ao nível da nutrição, vacinação obrigatória e desparasitação regular para que o sistema imunitário do animal responda rápida e eficazmente contra o parasita
  • Administrar medicamento específico para prevenção ou tratamento da Leishmaniose
  • Fazer análises regularmente para que, em caso de infeção, se possa diagnosticar precocemente e instituir rapidamente um plano de tratamento.

E se o meu cão estiver doente?

Não é o fim. É possível controlar a infeção, com tratamento crónico, embora sem cura.  Por isso, a Leishmaniose não é motivo para eutanásia. Quando o sofrimento e as lesões põem em causa a qualidade de vida do paciente, o Médico Veterinário assistente poderá recomendar a eutanásia, mas não antes. É importante manter os mesmos métodos de prevenção e proteção da picada, mesmo que o animal já esteja infetado, para evitar disseminar a doença a outros animais.

Para além disso, a Leishmaniose não é uma zoonose de contacto direto. Os humanos não correm riscos de a contrair por contacto ou proximidade com o animal infetado. Este parasita apenas se transmite aos outros através da picada do inseto vector, que transfere os parasitas (leishmanias) do sangue do animal infectado para o sangue de novos hospedeiros.  

É possível manter um cão diagnosticado com a doença durante anos, com boa qualidade de vida. Se estiver bem protegido, pode e deve mantê-lo em contacto com a família e outros animais coabitantes. Se lhe for diagnosticado este parasita, saiba que isso implica uma mudança de hábitos, com uma nova rotina de medicação e controlo regular das análises. Mas, mais do que nunca, a certeza de que o nosso melhor amigo precisa de nós! Informe-se junto do seu Médico Veterinário qual o melhor esquema de prevenção ou tratamento para o seu animal de estimação.

 

Autora: Marisa Mariz

 

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Comments(2)

  • Vera
    April 21, 2021, 5:35 pm  Reply

    A minha bulldog tem esta doenca quero fazer td o que poder para ela nao moŕrer. Adotei a porque era victime de maus tratos sempre lhe fiz td e agora sinto me impotente face à esta situacao

    • May 13, 2021, 3:28 pm

      A melhor coisa a fazer e levá-la ao médico veterinário, saber o estado geral dela a nível geral e especificamente do funcionamento renal para adaptarem o regime de tratamentos. Não descure a medicação regular que ela deve fazer e os check-ups de análises sanguíneas que permitem aferir o funcionamento do tratamento e adequá-lo a cada fase. É uma doença cada vez mais prevalente, infelizmente, daí ser tão importante apostar na prevenção quando sabemos que moramos numa zona afetada.

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